segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

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Mais uma vez estava lá como quem nada conhecia, tudo era atraente a ponto de gerar arrepios... Sua voz deixava de ser doce e tornava-se decidida, os medos abriam espaço para algo novo que nem ela mesma saberia definir. Olhos atentos, ainda observava a lua com certo receio, imaginava delicadamente quem estaria olhando pra "sua lua" e quantos apaixonados deitados a sua luz prometiam amor... A paixão pelo escuro deixava de ser algo anormal e tornava-se parte dela! Naquela noite, tranquilamente atravessou-se de imediato, recompondo nas estrelas um brilho que fazia falta: haveria algo ali vestido de segredo... E segredou pra si mesma um sonho passado, que a solidão já fazia parte e a abraçava como antiga amizade, nunca alguém esteve tão bem  em se sentir sozinha. Seus mistérios estavam envoltos sobre o fim do abraço, trazendo do beijo um doce capaz dominar seus domínios, refugiando-se como refém das suas buscas. Nunca alguém foi tão feliz ao partir... O sorriso ainda continuava ali, os sonhos de criança teimavam em não morrer, e não morreriam. Se são das recordações que se constroem um passado, é do amor que nascem as poesias! 
Ali, já havia lugar para novidades, estava aceita nas mudanças , sem mais espaço para arrependimentos, a nova poesia surgia no papel em declínio com as lágrimas, lágrimas de saudade, incorporadas no gracejo de poeta que com o qual escrevia... Não atrevo-me a perder as palavras, se sem elas, não teria sentido moldar a alma. Permitiu-se olhar o que nem todos viam, deixou de ver e passou a enxergar, pelos óculos da vida, resgatou-se e alçou voo: Era hora de partir...

(Miquelinne Araujo)

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