segunda-feira, 18 de julho de 2011

Restos

E Do que me servem os olhos de certeza se a alma ainda pede respostas?


Sobrou amor no resto do olhar, miramos as facetas ilusionistas de um porém que deleitou os apesares.Os edifícios sustentam a leveza da brisa fresca que anuncia estações que passam e amores que voltarão a adormecer. O reflexo mostra cumplicidade com o tempo, os ponteiros dançaram valsas ensaiadas durante dias mas não aprenderam a parar. Descortinamos os segredos guardados, e se enfeitiçou ao arder insinuante do desejo que se propagou. Vendo-me por completa as certezas que talvez persigam a contraditória vontade de possuir, mas recebo num presente a expressão contínua do afago recebido. Querido futuro passado, desfaça em mim sobras de restos que ficaram na volúvel estrada de asfalto que me levou a teus encantos, simplifique os momentos, exista nesse vácuo noturno que preenche a face molhada!
Ah, presencio a solidão do crepúsculo que adiantou anos e fez-me envelhecer décadas.
Existo das lembranças, e renasço na moldura dos sentimentos.
Ah, belo presente que se vive...E hoje o medo que se leva, é a certeza que se tem.


(Miquelinne Araujo)

2 comentários:

Sândrio cândido. disse...

Nossa, devolva o meu ar por favor.
Seu texto tem uma profundidade lírica que impressiona.Se agora já estás a cantar o amor de forma tão esplendida, não duvido que no futuro estarei com um livro teu em minha cabeceira ajudando a atravessar a minha solidão. Gostei muito minha querida amiga. Ah e são destes restos que se constrói o poeta e a nossa existência.
beijos

Miquelinne Araujo disse...

AH meu amado amigo, Deus o ouça e eu tenha a honra de escrever um livro, e honra maior ainda seria vc lê-lo! Cantamos o amor e as vezes nem o percebemos, mas se cantamos, já é o suficiente e sinto que sobrevivo na realidade dessa ilusão que me fascina! Bjos, bjos...